O Gabinete do Rádio


O cupim é o maior inimigo do gabinete de madeira, a caixa do rádio. Estes térmites realizam um trabalho esquivo e silencioso, digerindo a madeira até não mais haver possibilidade da sua
recuperação.

A primeira constatação é ver se o gabinete ainda possui cupins. A sua exterminação completa é um processo por vezes demorado e difícil. A maneira mais comum é a aplicação de várias demãos de inseticida específico, sempre em ambiente arejado e com o uso de luvas e máscara.

Quando pequenos, os estragos causados pelo cupim podem ser reparados com massa para madeira à base de látex acrílico, a massa de ponçar. Existem no comércio massas pigmentadas, com as cores cerejeira, cedro, mogno e imbuia, dentre outras.

Dicas: Danos maiores implicam na substituição da peça ou a sua recuperação com cola e pedaços de madeira. Palitos do tipo para assar churrasquinho ou para picolés, colados em camadas sucessivas com adesivo para madeira dão excelentes resultados! Após esta restauração “estrutural”, a massa para madeira e uma lixa número 300 ou 400 aplainarão a superfície.

Descrição: 22O receptor ao lado, um Philips BX-665, construído na Holanda de 1946 a 1948, estava com a caixa completamente vazada, destruída pelos cupins. Nela foram usados mais de um pacote de palitos para churrasquinho, outro tanto de palitos para picolés e dois tubos de 250 gramas de cola para madeira.

O gabinete necessitou ser pintado com esmalte sintético na cor marrom, pois a quantidade de reparo não permitiu um acabamento translúcido. O dial retrátil deste rádio localiza-se na sua parte superior e foi reconstruído a partir de dados originais pelo professor Ari Zwirtes.

Nas fotos abaixo, aspectos da restauração do rádio Deso-Dewald modelo 453-D, fabricado na Suíça nos anos 1944 e 1945. A caixa foi atacada pelos cupins na sua parte frontal e arestas internas. Nas fotos menores o fechamento de buracos da frente e o primeiro lixamento. No detalhe, o funcionamento do indicador de sintonia, o “olho mágico” (válvula EM4) após a reparação eletrônica.

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Este foi mais um aparelho recebido sem o dial. Após um contato com o Deso Dewald Museum (Zürich-Suíça), foram recebidas fotos do dial original, com as quais ele pode ser foi reconstituído, também pelo mestre Ari Zwirtes.

Dicas: O cupim não resiste ao calor ou frio intensos. Uma maneira prática para a sua eliminação é expor a madeira à insolação ou a um ambiente muito frio. O risco da forte exposição ao calor e luz solar é o empenamento da madeira. Para peças pequenas há descrições do uso exitoso do forno de microondas ou da colocação no freezer por 24 horas!

Na fase da pintura, se as caixas apresentarem uma boa superfície, poderá ser aplicado verniz incolor ou pigmentado, dependendo da sua cor original de fabricação.

Abaixo, a recuperação do gabinete de um receptor Pilot H554, fabricado nos USA em 1938. O pequeno ataque dos cupins foi solucionado com a aplicação de massa para madeira na cor cedro. Na superfície foram aplicadas duas demãos de verniz pigmentado. Anteriormente a caixa foi pintada com uma tinta escura e inadequada.

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As superfícies dos gabinetes de madeira podem ser revestidas com laca, dependendo do estado da caixa e da sua aparência original. A laca é um revestimento translúcido de alta qualidade, transmitindo um belo aspecto vítreo. A especialidade na sua aplicação remete este serviço a especialistas laqueadores.

Descrição: 1010Ao lado um receptor modelo T 23-BT fabricado pela Marconi Co. na Inglaterra. Depois de vender a sua filial norte-americana para a RCA, Guglielmo Marconi concentrou-se nas suas empresas britânicas.

A restauração eletrônica foi grande, na substituição do transformador de entrada, capacitores e válvulas Mullard do push-pull. Após a pintura do chassi, o gabinete foi lixado e recebeu um revestimento de laca.


Nas figuras abaixo, o receptor K-53, fabricado nos Estados Unidos entre 1932 e 1933, pela General Eletric. Quando adquirido, foi apelidado de “farelo”: não possuía a parte frontal e o fundo, digeridos pelos cupins. Após a feitura da madeira em textura e cor similares ao que restara, as peças foram coladas (foto da direita) e aplicadas duas demãos de verniz incolor (foto da esquerda).

Descrição: 1212Descrição: 1111  A “janela” do mostrador direito foi moldada em acrílico, a partir da original. O belo trabalho foi executado por um cirurgião-dentista, incluindo o emblema e marcas da General Eletric (no detalhe ao lado).

 





Abaixo, um receptor Zenith, modelo 6S 321, fabricado em 1937 nos Estados Unidos.  Este rádio deu muito trabalho na reparação do seu esquema, em razão da destruição parcial das bobinas. É flagrante o estado de oxidação em que se encontravam as guarnições de latão. Para o seu polimento existem produtos que melhoram o aspecto do latão.  Mas nada encontrei que substitua o braço humano e a antiga esponja de
aço!

Os botões (knobs) também podem ser refeitos. Serão moldados em plástico comum ou em acrílico, partindo de um botão original. Na parte inferior dos gabinetes podem ser afixados pés de borracha ou tiras de feltro adesivo.



Nas fotos acima, fases da recuperação de um gabinete semidestruído pelos cupins. Após a certeza do seu extermínio, foram aplicadas camadas sucessivas de palitos roliços (de churrasquinho) e cola para madeira (Cascorez-Alba Adesivos).



A mesma restauração: à esquerda a aplicação de camadas de massa para madeira e lixamento. Na direita, a peça com a pintura final e os pés de feltro adesivo.

Recuperação da madeira atacada por cupins. Gabinete do rádio RCA modelo 7T1
(USA / 1936 e 1937)



1º Palitos de picolé e fósforos grandes com cola e prensa para fixação no lugar correto do gabinete;
2º Massa para madeira na cor mais próxima do móvel, no caso, massa imbuia. Lixa de nº 200 a 400;

3º Duas demãos de tinta automotiva diluída em thinner. Colagem dos pés de feltro. Verniz no restante.

Restauração do gabinete do rádio Assumpção-Philco, modelo 226T, construído no Brasil na década de 1950.

Palitos de picolé e fósforos, cola e prensa. Após a secagem, massa para madeira, lixa e tinta.



Restauração do gabinete metálico do rádio marca Detrola, modelo 568, construído nos Estados Unidos em 1946.

Lixa nº 200 a 400, antiferrugem com camada fosfatizante e pintura em spray.

Daltro D’Arisbo
Colecionador e restaurador de rádios




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