RESTAURAÇÃO
Deve se entender uma coleção como uma reunião ordenada e classificada de objetos que representem um período histórico. Quando um rádio é encontrado, em geral ele está “velho, muito longe de ser um objeto “antigo” e digno de colecionamento.
Tratar de restauração é ir muito além de “fazer o rádio falar”. A meta é conseguir que um receptor possa assemelhar-se à condição original, espelhando ao máximo o momento da sua criação.
Os rádios há muito abandonados sofrem com a ausência ou excesso de luz solar, umidade e pragas, como ratos e principalmente o cupim. A corrosão é a maior inimiga dos componentes de aço, como chassi e componentes.
Porém a maior ação danosa é a humana. Muitos rádios, quando abertos, demonstram ao colecionador más práticas de eletrotécnicos ou de mercadores. As fotos mostram serviços de rara habilidade, mas com ausência de qualquer compromisso com a originalidade.
Na foto a esquerda, dois modernos diodos e capacitores presos a uma base de válvula. Uma solução bizarra para atuar na retificação de um rádio suíço Deso-Dewald, construído muito antes da comercialização destes diodos!
Na foto inferior, uma válvula miniwatt adaptada para ser encaixada num suporte de válvula maior.
A troca de componentes deverá ser feita com muito critério, usando-se as mesmas válvulas ou equivalentes da época. A substituição de peças será feita por mais modernas, observando-se algumas regras: a impossibilidade de se obter o original; a manutenção da idêntica função do componente substituído; e a dificuldade na obtenção de baterias para rádios CC.
Pesquisa
O início é o conhecimento das características do rádio. A Internet e as pessoas mais experientes são as melhores fontes. Serão obtidas informações de valia histórica e de reparação, bem como ajudarão a evitar a compra de “gato por lebre”.
A pesquisa mostrará o esquema, o tipo de corrente e as tensões de alimentação do aparelho. Quando recebi um rádio Erla (Electrical Research Labs), construído em 1935, ele estava com as duas válvulas de saída queimadas. Funcionando com 32 volts em corrente contínua de baterias, com certeza foi ligado por algum curioso na rede de 220 volts em corrente alternada... A procura e a compra destas válvulas foi dispendiosa!
Limpeza e Pintura
Uma limpeza eficiente necessita da retirada do chassi do gabinete, o que exige muito cuidado para não danificá-lo: são anciões de 70 ou mais anos! Partes como o dial e os knobs (botões) do rádio são facilmente quebrados nesta etapa.
Uma boa limpeza do chassi implica a retirada das válvulas e desconexão do alto-falante. Afora a retirada do pó, graxa e insetos, a oxidação do chassi merece o uso de ácidos para a limpeza da ferrugem. O uso de uma solução de ácido clorídrico é eficaz. Também são encontrados produtos que retiram a corrosão e cobrem o aço com uma camada fosfática para evitar uma nova oxidação.
Dicas: Muito cuidado com a limpeza do dial: a pintura e as letras são facilmente apagadas! E somente aplique ácidos, tintas e outros produtos químicos com luvas, máscara e em ambiente bem ventilado!